terça-feira, 31 de agosto de 2010

Eu não me Despeço!


Eu sei que somos frágeis. Eu sei que somos fracos. Mas eu não me conformo.
Desde pequeno eu tento racionalizar a morte, entender a morte, aceitar a morte.
Desde pequeno eu procuro me preparar para a minha partida. Mas como aceitar, entender, racionalizar a morte de quem amamos? Como lidar com a perda?
Meu primo morreu. O Fabiano morreu. O preto morreu. Difícil acreditar até agora. Como aceitar, diante da incompreensão?
Não foi só o Preto que morreu. Morreu um pouco da alegria da família. Dos encontros de domingo, uma das luzes que iluminava o nosso jogo de baralho se apagou. E sombra que fica vai doer sempre. Essa sombra vai ocupar o espaço de muitos sorrisos, muitas piadas, muitas brincadeiras.
Meus primos são meus amigos. Meus primos são minha fuga para a infância. A infância que eu não quero perder, a molecagem que eu quero manter.
Não há como falar sério com meus primos.
Não adianta tentar, não adianta insistir. A piada vai aparecer, a gozação sempre vem. Quem tenta falar sério faz papel de palhaço, e acaba rindo de si mesmo.
Para conviver com meus primos, é necessário saber rir de si mesmo, rir de tudo, encarar a vida com leveza.
E o Pretinho virava a seriedade pelo avesso. O preto fazia cócegas na vida, nos problemas, nos defeitos. E sempre se ria com o Preto. O preto era o sorriso, a molecagem. Tão dele, tão nossa.
O Preto era o que trabalhava o que dançava o que brincava o que brigava, sempre com um sorriso, à mostra ou escondido. O Preto se ria por dentro.
O Preto era o pai, era o filho, era o irmão, era o primo, era o amigo, que estava sempre ali, frescando, fazendo hora, tirando do sério, mas estava.
O Preto era tão menino quanto eu, quanto cada um dos meus primos. Juntos, somos sempre crianças.
E hoje um pouco da minha infância morreu. Um pouco da meninice de cada um de nós morreu. E eu não me conformo.
Não me conformo porque nada, absolutamente nada, nenhum lugar é melhor para o Preto do que aqui, junto da gente, junto da família, junto da mulher e do filho, junto do filho que parece ter herdado a molecagem do pai.
Não me conformo porque sei que não há lugar melhor. E somos nós que temos que continuar sem ele. Somos nós que precisamos continuar a brincar, a frescar, a rir sem ele. E não é fácil.Nós vamos conseguir.Uns mais cedo,uns mais tarde,mas vamos conseguir.No entanto,será triste.Cada sorriso que dermos juntos,no baralho domingo,no racha de terça,nas festas e comemorações,cada sorriso será um pouco triste.A tristeza
vai se esconder no canto da boca.
Eu não vou ao enterro.Não vou ao enterro porque não me conformo e não quero me despedir.Eu não vou me despedir porque tudo o que o Fabiano era ele ainda é.
Eu não vou me despedir porque eu sei que ele sempre vai está presente na minha molecagem, na molecagem do Tefon,do Alan,do Raul,do Antomário,de todos nós.
Eu não vou me despedir porque ele está na molecagem do Guilherme (filho dele). Na
dor da tia Lica(mãe),dor que eu não consigo imaginar;no amor da tia Lica,amor que eu não consigo mensurar.Eu não me conformo porque não é justo.Eu não me conformo porque dói e não é justo.Eu não vou me despedir porque não me conformo.Eu não vou me despedir porque nós perdemos,mas cada um de nós é um pouco dele.Eu não vou me despedir porque nós perdemos,mas cada um de nós o traz no riso que rir,no abraço que abraça. Eu não vou me despedir porque cada um de nós o traz no sangue.
E as lágrimas são apenas saudade.
O Fabiano é sorriso.E o sorriso vai voltar ao meu rosto quando eu me lembrar dele.

Steller

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Como se faz para manter um amor?



"Uma mãe e a sua filha estavam a caminhar pela praia. Num certo ponto, a menina disse: - "Como se faz para manter um amor?" A mãe olhou para a filha e respondeu: - "Pega num pouco de areia e fecha a mão com força..." A menina assim fez e reparou que quanto mais forte apertava a areia com a mão com mais velocidade a areia se escapava. - "Mamãe, mas assim a areia cai!!!" - "Eu sei; agora abre completamente a mão..." A menina assim fez mas veio um vento forte e levou consigo a areia que restava na sua mão. - "Assim também não consigo mantê-la na minha mão!" A mãe, sempre a sorrir disse-lhe: - "Agora pega outra vez um pouco de areia e tente mantê-la na mão semi-aberta como se fosse uma colher... Bastante fechada para protegê-la e bastante aberta para lhe dar liberdade.." A menina experimenta e vê que a areia não se escapa da mão e está protegida do vento. - "É assim que se faz durar um amor..."